Diário do Homem Biônico 003: O dia que quebrei a proteção do meu smartphone

A maior decepção que eu já tive desde que comecei o experimento do biochip foi o posicionamento da Apple com relação à tecnologia NFC. Ou, para ser mais preciso, seu desejo

A maior decepção que eu já tive desde que comecei o experimento do biochip foi o posicionamento da Apple com relação à tecnologia NFC. Ou, para ser mais preciso, seu desejo de usurpar o direito de usar essa tecnologia em sua plataforma.

Todos os iPhone 6 tem um chip NFC incorporado, disponível somente para desenvolvedores da Apple. A explicação é bastante trivial: eles promovem ativamente seu serviço Apple Pay utilizando esse truque com o objetivo de não deixar que qualquer competidor possa afetar sua plataforma. Eu sabia que isso aconteceria assim que o iPhone 6 foi lançado, mas com um chip implantado na minha própria mão é uma história diferente. Como Oscar Wild disse:

“Sim: eu sou um sonhador. Pois o sonhador é alguém que apenas consegue achar seu rumo à luz da lua e a sua punição é que ele vê o amanhecer antes do resto do mundo.”

A melhor tecnologia biônica não estará disponível para todos no futuro.

Ao me dar conta que meu microchip não poderá interagir com meu iPhone, tive que aceitar a dura verdade: A melhor tecnologia biônica não estará disponível para todos no futuro. Além disso, pode ser usada para manipular os usuários.

Hoje, que a internet das coisas está emergindo com força, assim como sua infraestrutura, plataformas, protocolos e normas. Neste caso, a regra “do primeiro a chegar” se aplica. E as companhias que tem uma prática de desenvolvimento alinhada e eficiente terão uma vantagem significativa – e não estarão inclinadas a dividí-la com ninguém.

Novamente os gigantes da tecnologia estão dando um show na redefinição do mercado: as companhias estão domando os consumidores e conectando afetivamente os usuários aos seus produtos para abocanhar a maior parte da torta.

O consumidor comum pode não se importar muito com isso porque se um dispositivo não serve para ele, substitue por um outro. Mas para mim e outras pessoas que no futuro usarão neuro-implantes biônicos, nos importamos MUITO. Não é tão simples substituir uma parte de si mesmo.

Então se num futuro não muito distante vier a existir uma autenticação cibernética no metrô que seja compatível com meu biochip, mas a do ônibus não, eu teria que escolher que tipo de transporte público usar. Eu nem mencionei viagens que cruzam fronteiras e problemas que podem surgir para um cidadão de um país que pode estar “incompatível” com a infraestrutura de outro país. Exagerei de propósito, mas espero que você entenda meu ponto.

Para seguir com o experimento eu tenho dois smartphones com Android e Windows: um HTC One M8 e um Nokia Lumia 1020.

Quanto mais tenho uma vida de ‘cyborg novato’™, o mais tenho olhando com cautela para o futuro. Libertamos o gênio da lâmpada mas não estamos preparados para as consequências. Para mudar essa situação, temos que colocar um esforço tremendo em todos os níveis, incluindo as mais altas hierarquias de tomadas de decisão. Eu me dei conta disso enquanto tentava explorar os aplicativos NFC disponíveis no Google Play e me tornei um refém da arquitetura Android.

O chip é infalível: é bem simples e não há nada que possa quebrar mas os smartphones são outra história. Eu recomendaria, mais uma vez, que a equipe do Google Android repasse o código usado nos aplicativos NFC. Depois de uma série de leituras/escrituras na memória do chip, os smartphones param de reconhecer o chip completamente e precisam ser reiniciados. As vezes um aplicativo NFC simplesmente trava e encerra. Em outras palavras, as coisas estão imaturas agora (e por “coisas” eu quero dizer “tudo”).

A história de hoje é sobre um caso e uso crítico: desbloquear um smartphone mediante o uso de um biochip. O que aconteceu durante o experiemento só aumentou minhas preocupações sobre essa questão. Aqui um aplicativo que instalei para a segurança do experimento: TapUnlock

O problema é que, em certo momento, o aplicativo deixou de funcionar. Uma análise rápida da configuração mostrou que foi corrompido o arquivo que continha todas as senhas de desbloqueio.

A razão, na verdade, não importa. O importante é o fato que o smartphones ficou completamente inoperante. Não houve maneira de desbloquear o aparelho ou resetá-lo. Ao final, o que eu tinha em mãos era um pedaço inútil de plástico.

E agora uma revelação transcendental: essa proteção pode ser sorteada de maneira muito simples! Você nem precisa ser um super-hacker. A única habilidade necessária é um conhecimento básico dos sistemas operacionais de celulares (Android, neste caso). Android é um sistema operacional muito seguro, visto que os desenvolvedores de aplicativos de terceiros não podem manipular o kernel do dispositivo. Ao controlar completamente o processo de desenvolvimento, Google pode garantir a estabilidade do kernel e dos aplicativos nativos. Por esse motivo, qualquer usuário pode apagar aplicativos que não funcione corretamente.

Para apagar um aplicativo que impede que um smartphone Android carregue corretamente, você pode seguir esses passos:

  • Aperte e mantenha pressionado o botão de Liga/Desliga, escolher a opção “Desligar” no menu pop-up

 

  • Escolher a opção “Reiniciar em modo seguro” no próximo menu pop-up

 

 

  • Assim que o sistema reiniciar, abrir o aplicativo do Google Play e escolher a opção “mostrar todos os aplicativos”

 

 

  • Desistale o aplicativo que está causando problemas. No meu caso era o TapUnlock

 

 

  • Aperte e mantenha pressionado o botão de “Liga/Desliga”e escolha a opção “reiniciar o sistema de modo normal”

Qualquer aplicativo de terceiros pode ser desativado dessa forma. Isso, de alguma maneira, prova que Google considera que os aplicativos de terceiros não são “confiáveis” em algum ponto. Apple e Microsoft seguem a mesma estratégia. Portanto, com o objetivo de implementar uma autenticação confiável, estável e segura mediante biochips, terão que trabalhar muito, tanto no kernel como na lógica do biochip. Neste ponto, existem alguns aspectos a levar em consideração: criptografia assimétrica, autenticação de fatores múltiplos, etc.

A boa notícia é que os engenheiros da Google e da Microsoft já estão trabalhando nisso. Também fiquei sabendo que o #DiárioDoHomemBiônico é lido por vários funcionários da Apple. Esperamos que eles também se esforcem em solucionar esses problemas.

No meu próximo artigo vou demonstrar como adaptamos as entradas de nosso escritório para que possam interagir com meu biochip. Mas antes mostrarei o mais importante: uma correlação direta entre biochips e Star Wars.

Como sempre, podem me fazer qualquer pergunta que queiram. Deixem suas dúvidas por Twitter e Facebook.

Até a proxima!

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